quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

LUGRE "VIRIATO"


O "VIRIATO" um dos navios mais altaneiros da frota
 com cerca de 5m de pontal
foto museu marítimo de Ílhavo
Lugre Construído em 1945 na Gafanha da Nazaré, para a Empresa Armazéns José Luís da Costa e Ca.Lda. Lisboa.


Deslocava 593 toneladas brutas Comprimento 51 m Boca 10,30m Motor Deutz 480 hp Com frigorífico.



Construtor: Alberto de Matos Mónica
Material de Construção: Madeira

Naufragou devido a incêndio ao largo dos Açôres em 23.8.63

LUGRE "MARIA FREDERICO"


Maria Frederico na barra de Leixões
Fotomar Matosinhos

O lugre-motor "Maria Frederico" foi construído em 1944 na Gafanha da Nazaré, onde mais tarde foi instalada a CRCB, por António Pereira da Silva para a Empresa de Pesca de Portugal, Lda.

Tinha  48,40 m de comprimento, 9,40 m. de boca e 4,50 m., de pontal. Tinha motores próprios para água, bombas e guincho.
Apresentava dois castelos, instalações para 42 homens, à proa, e mais 10, à ré.

Maria Frederico no dia do bota-abaixo
Gafanha 1944 - Foto Comercio do Porto
Tinha um motor Deutz de 150 HP. Os seus porões tinham capacidade para perto de 9 000 quintais de bacalhau e deslocava cerca de 800 toneladas
Foi o primeiro navio da pesca à linha a ter radiotelegrafista, as linhas eram bastante airosas, com proa tipo americana (A grande inclinação na proa garante bom desempenho em alto mar, mas diminui o comprimento da linha de água e limita o espaço na cabine de proa).
Naufragou por incêndio no Virgin Rock's no dia 12 de Agosto de 1952.

GIL EANNES O ANJO DA GUARDA DA "WHITE FLEET"


No porto de Godthavn capital da Groenlândia, o primeiro
"Gil Eannes" fazendo a aguada, em Agosto de 1941
Perante a importância cada vez maior do fiel amigo na vida da sociedade portuguesa, e reconhecendo a extrema dureza das condições de trabalho dos pescadores durante todo o tempo da safra, o estado viu-se na obrigação de encontrar um navio, que lhes pudesse  dar assistência médica, espiritual, afectiva, material e oficial.


O primeiro navio a que foi atribuído  esta honrosa missão, foi o ”Lahneck” de bandeira alemã, que devido a estar surto no porto de Lisboa, aquando da declaração de guerra feita pela Alemanha em 1916. Após a sua apreensão passou a chamar-se “Gil Eannes”


O glorioso "Gil Eannes" parte pela última vez em 1954
para os gélidos mares da Terra Nova e Groenlândia.

Fez a sua primeira assistência à frota nos mares da Terra Nova, no ano de 1927, estava totalmente equipado e era tripulado por Oficiais e Marinheiros da Marinha de Guerra. Esta situação manteve-se até ao ano de 1954, quando já velhinho e cansado passou o testemunho, ao novo e elegante “Gil Eannes”, acabado de construir nos estaleiros de Viana do Castelo

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

MEDIDAS DE FUNDO DO ESTADO NOVO - RESTRUTURAÇÃO DA INDÚSTRIA DO BACALHAU

O período de  1934 a 1967 está associado a uma reorganização profunda desta indústria feita pelo Estado Novo, designada por “Campanha do Bacalhau”


Causas principais:
A pressão dos consumidores exige que, anualmente, se importem grandes contingentes do estrangeiro, com inegáveis prejuízos para a economia nacional. (No início dos anos 30, das 50000 ton. importadas anualmente, somente 10% foi transportada em navios nacionais).Nos anos 60 aquela quantidade  subiu para as 250.000 ton, sabendo-se que 80% foi trazida por navios nacionais.


Consequências principais:
 
Criação de Medidas legislativas onde se destacou :
    
    Em 1934 com a Criação do CRCB, são Construídos
    grandes armazéns refrigeradores no Porto, Aveiro e Lisboa.
  1. Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau criada a 5 de Junho de 1934.

Um ano após a sua criação gerou a promoção do consumo através de uma política de preços baixos e tabelados, o que lhes permitiu proceder ao incremento das secas e dos estaleiros navais.

   2. Grémio dos Armadores de Navios de Pesca do Bacalhau é instituído a 23 de Novembro de 1935. Algumas das suas atribuições:




         A) A Renovação da Frota:


O "Senhora da Saúde" construído em 1920
 é um exemplo dos muitos navios decrépitos da década de 50.

Tinha como meta o aumento imediato das capturas, logo a redução drástica das importações. O primeiro passo seria substituir a frota caduca  ver mais   (AQUI) e desactualizada por navios mais rendíveis e seguros (Entre 1936 e 1961 foram aumentados à frota Nacional cerca de 100 novos navios, dos quais 90% foram novas construções feitas em estaleiros nacionais), pois um decreto-lei datado de 1953 assim obrigava.

  B ) Acesso ao Crédito e Concessão de Empréstimos de Juros Baixos e de Longa Duração, cuja meta era: :
 



As novas construções a despontarem no novo
 estaleiro de S.jacinto
 
  
      •          Construção de navios novos em  estaleiros nacionais.

      •          Apetrechamento com motores aos lugres mais antigos.
      •          Instalação de Frigoríficos para o isco.
      •          Instalação de Sistema (TSF) .
      •          Instalação de iluminação e Aquecimento.

      •          Nos anos 50 a CRCB participou vultuosamente na construção do novo navio-hospital  “Gil Eannes”.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O RESSURGIMENTO DA PESCA DO BACALHAU


Brigue bacalhoeiro "Pescador"
início do Séc. XX

O início da recuperação da Pesca do Bacalhau só veio a fazer-se no regime republicano, em 1915, após a abolição do imposto do bacalhau. Até aí, 90% do bacalhau para o consumo interno é importado por casas comerciais inglesas, e é, por isso, taxado pelo estado como produto estrangeiro, o que dava grandes receitas.

É também no início do século XX que o estado ao subsidiar pela primeira vez os armadores, faz com que a frota seja aumentada em 19 novos navios.

Tal como peças de Lego, os Dóris encaixavam-se uns nos outros
optimizando desta maneira o espaço a bordo


 Com o tempo e o engenho apareceram as embarcações pequenas de fundo chato – Os Dóris, cujos acessórios a bordo eram desmontáveis.


O "trole" (linha) era o verdadeiro ganha pão, pois o pescador
 era pago complementarmente por cada quintal de pesca

Os pescadores portugueses eram os únicos a pescar sozinhos nos Dóris, barcos em madeira com cerca de 5 metros de comprimento, podiam pescar por dia cerca de 1 tonelada de bacalhau, chegavam a afastar-se do navio mãe cerca de 16 milhas, saíam pelas 4 da manhã para só voltarem 14 horas depois, para comer levavam azeitonas e um pão com bacalhau, tudo isto num dos mais impiedosos mares do mundo, devido não só às tempestades violentas, mas também, aos temíveis icebergs e nevoeiros repentinos

O ABANDONO TEMPORÁRIO DA TERRA NOVA

Durante os Séc. XVII e XVIII os portugueses deixaram de se dedicar à pesca do bacalhau, actividade que só iriam retomar no séc. XIX. Para este facto contribuíram diversos factores.


Navio com pavilhão Espanhol em combate com galeão Holandês
no início do Séc.XVII

A perda da Independência em 1580 para o domínio espanhol (1580-1640), fez com que os inimigos de Espanha, principalmente Ingleses, Franceses e Holandeses se tornassem nossos inimigos também, o que levou quase à extinção da pesca do bacalhau (em 1624 não havia qualquer barco nos portos de Aveiro).
A própria  luta que os franceses e os ingleses travaram pela posse da Terra Nova, fez com que aquelas águas ficassem demasiado perigosas para  as embarcações portuguesas.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

TERRA DOS CORTES REAIS A TERRA DO FUTURO CANADÁ



Estátua do navegador Portugês
Gaspar Corte Real na Terra Nova
 Corte-Real é o nome de uma família distinta de navegadores, de origem em Tavira (Algarve), dos séculos XV e XVI, com o nome ligado ao descobrimento da Terra Nova, cerca do ano de 1472. João Vaz Corte-Real, navegador português que para além desta expedição organizou ainda outras viagens, na esforçada tentativa de descobrir a mítica passagem para o oriente, através da rota do NW. Esta foi sem dúvida a razão principal que o terá levado até à costa da América do Norte, explorando desde as margens do Rio Hudson e São Lourenço até ao Canadá e Península do Labrador.
     
Nesta carta datada de 1550, onde a Terra dos Corte Reais, já apresentava uma extensa faixa de costa sinalizada com a flor de liz (Símbolo de D.João II).


Canada, termo de origem algarvia, berço da família Corte Real (Tavira), significa curso de água doce.

O que indicava que outros navegadores, tais como Pedro de Barcelos, João Álvaro Fagundes, João Fernandes Lavrador e tantos outros, já tinham navegado naquelas latitudes de uma maneira sistemática e organizada
Isto terá ajudado a estabelecer colónias de pesca, tais como a do Cabo Bretão na Terra Nova (1520-1525), fazendo daí o centro das suas pescarias. Os pescadores oriundos de Viana e Aveiro dedicavam-se à pesca sedentária - pescavam e secavam o peixe ali mesmo. A permanência ia de Abril a Setembro.





terça-feira, 11 de dezembro de 2012

OS PRIMEIROS MAPAS DOS MARES DO BACALHAU

No princípio do século XVI, com a Europa suspensa nos descobrimentos ibéricos, o segredo era um imperativo.

O Mapa de Pedro Reinel de 1504
é o segundo mapa da região conhecido
a nível mundial

Notar o uso  da rosa-dos-ventos pela primeira vez nos mapas feitos por cartógrafos portugueses a indicar o Norte, bem  como a flor-de-lis, símbolo D´el Rei D. João II (1481-1495) o qual passou a fazer parte da ornamentação da Coroa dos Reis Portugueses. 

Verificar as duas baías ligadas por um gargalo de garrafa" formando uma só baía em forma de uma cabaça, representação da actual baía de São João na Terra Nova, como podemos verificar ainda hoje.
Reparar também pela primeira vez no uso de uma escala de latitudes do Equador a 68 graus Norte.
Qualquer informação geográfica fornecida pelos navegadores portugueses era tratada com grande confidencialidade pelos cartógrafos. A quebra de sigilo era considerada como traição ao reino e punida, no reinado de D. João II, com a pena de morte.

O Planisfèrio "Cantino" uma história de espiões

De uma enorme abrangência, o mapa "Cantino" datado de 1502 inclui na sua representação do mundo, os territórios recém-achados do Brasil, Terra Nova e ainda África que, pela primeira vez, surge em todo o seu perímetro, com cordilheiras verdejantes e nativos exóticos.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O PRIMEIRO GRANDE INCREMENTO NA TERRA DOS BACALHAUS

Esta importante corrente exploratória do final do séc. XV princípio do séc. XVI baseava-se na forte necessidade de pescar o fiel amigo que já fazia parte da cultura do povo português, tornando-o no maior consumidor mundial até aos dias actuais.

D.MANUEL I O VENTUROSO
É tanto assim que já em 1506 o rei D. Manuel I  (1495-1521) mandava arrecadar a dízima, sobre o produto da pesca do bacalhau de uma frota de cerca de 60 naus.
No reinado de D.João III (1521-1557), o bacalhau tornou-se de tal maneira valioso que se chegou a organizar frotas com mais de 100 navios, dirigidos à Terra dos Bacalhaus que dali traziam anualmente cerca de 3000 toneladas de peixe, fazendo com que a dízima cobrada fosse bastante considerável.
No reinado de D. Sebastião (1557,1578) foram estabelecidas as primeiras escoltas militares aos navios de pesca.



sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A LOGÍSTICA ADEQUADA


Longas e penosas navegações,
tornaram o fiel amigo indispensável
a bordo das naus de quinhentos

As longas travessias pelo Atlântico que duravam em média mais de três meses, e após diversas tentativas falhadas com a alimentação, utilizando os peixes da costa local, não teriam sido possíveis e assim também a saga dos Descobrimentos, se os portugueses não tivessem encontrado uma boa solução para a sua logística alimentar: O Bacalhau.
Produto que se adequava às necessidades da época,  não perecível , aguentava longas jornadas sem perder qualidades. e o seu sabor era mais agradável do que o de outros pescados salgados.
Com o relacionamento comercial a intensificar-se, não é de admirar que os primeiros navegadores portugueses que tomaram o rumo do Atlântico Norte, nos finais do séc. XV seguramente já conhecessem muita informação daquilo que iriam encontrar naquelas latitudes.

A CARAVELA NOS MARES DO NORTE

 

Caravela latina, navio apto para bolinar, tinha
uma coberta e um castelo de popa, envergava
pano latino sendo muito usado pelos portugueses
e espanhois nos séculos XV e XVI

 Há que considerar dois tipos de caravelas, a Caravela Latina e a Caravela Redonda. A Caravela Latina é a original,  ver mais  (AQUI) relativamente à qual não há unanimidade na proveniência. É, no entanto, uma evolução do que já existia, provavelmente um navio de pesca do Algarve (Caíque)

A Caravela Redonda é que se poderá considerar uma  invenção dos Portugueses já que resultou dos conhecimentos recolhidos e das propostas de Bartolomeu Dias depois de regressar do Cabo da Boa Esperança, com objectivos de melhoramento das suas qualidades marinheiras face aos ventos que encontrou


Modelo da caravela redonda
 João Corte Real e Álvaro Martins Homem descobrem em 1472, a Terra dos Bacalhaus, a actual Terra Nova, onde o peixe era abundante. Depois João Corte Real faz duas viagens àquele local, sendo numa delas acompanhado pelos seus filhos (1498) Miguel e Gaspar que acreditavam na existência da já mítica passagem do Noroeste (Cipango e Cataio).
 Em 1495 João Fernandes Lavrador e Pedro de Barcelos  navegando pelo Atlântico Norte, deram o nome de Lavrador a uma zona que fica a norte da Terra Nova.
 Em 1521, João Álvares Fagundes, explorou a costa Norte da Terra Nova, descobrindo o golfo de S. Lourenço, recebendo a doação real da Capitania daquelas terras.

OS PRIMEIROS EUROPEUS, DEPOIS DOS VIKINGS

Deve-se aos Bascos, povo que habitava as duas vertentes dos Pirinéus Ocidentais, do lado da Espanha e da França, o desenvolvimento das primeiras secas de bacalhau.

Seca de Bacalhau Basca Séc. XI
Eles já conheciam o sal e existem dados de que já no ano 1000, realizavam o comércio do bacalhau curado, salgado e seco Foi na costa da Espanha  (Bilbau), que o bacalhau começou a ser salgado e depois seco nas rochas, ao ar livre, para que o peixe fosse melhor conservado.


Quando Jaques Cartier descobriu a foz do rio S. Lourenço em 1504, encontrou para seu espanto uma grande frota de navios bascos, que  aí pescavam sem o publicitarem  havia já largas décadas.
 Para os anglo-saxónicos foi  John Cabot que, por volta de 1497, terá sido o primeiro europeu (depois dos Vikings) a explorar a Terra Nova, a qual baptizou de NewFoundLand, nome que se manteve até hoje.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A HISTÓRIA DE UM ALIMENTO MILENAR


Guerreiros Vikings desembarcando
em algures numa praia
 Mundialmente apreciado, a história do bacalhau é milenar. Conhecem-se registos de existirem fábricas para o processamento do Bacalhau na Islândia e na Noruega datadas do Século IX.  Os Vikings são considerados os pioneiros na descoberta do bacalhau, espécie que era farta nos mares por onde navegavam.


Os Vikings eram guerreiros-marinheiros da Escandinávia que entre o final do século VIII e o século XI pilharam, invadiram e colonizaram as costas da Escandinávia, Europa e ilhas Britânicas. Embora sejam conhecidos principalmente como um povo de terror e destruição, eles também fundaram povoados e fizeram comércio pacificamente.

Os famosos Drakkars

Até terem descoberto o sal, para a conservação do peixe, apenas secavam-no ao ar livre. Sabe-se por esse motivo que os escandinavos vinham com alguma assiduidade às costas de Portugal, em particular a Setúbal (Tróia- salinas romanas) e a Fão, abastecerem-se daquele produto essencial na conservação dos mantimentos a bordo (peixe, carne e manteiga), em troca davam o bacalhau, peixe que até ao século IX ainda era desconhecido na península ibérica


Navegadores muito experientes descobridores
 da América do Norte, Terra Nova e Gronelândia


O nome Drakkar dado aos navios Vikings deve-se ao facto de existirem nas suas proas a cabeça de um dragão (Drakkar em língua Viking). Isto porque de acordo com a mitologia nórdica  existiam serpentes marinhas no fundo do oceano que comiam homens, e como os Vikings acreditavam que o dragão era um ser superior a elas, usavam a sua imagem para não serem atacados. Ver mais (AQUI)




quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

LUGRE "PRIMEIRO NAVEGANTE"




Lugre "Primeiro Navegante"
foto de Reimar
O Lugre-motor "Primeiro Navegante" foi construído na Gafanha da Nazaré em 1940, por Manuel Maria Bolais Mónica, para a Empresa Ribaus & Vilarinhos, Lda.

 Perde-se por encalhe, à entrada da Barra de Aveiro, frente ao farol, em 24 de Outubro de 1946.


As suas principais características eram as seguintes : 44,17 m de comprimento; 10,13 m de boca; 5,12 m de pontal; 482 t de tonelagem bruta. Dispunha de um motor auxiliar com 425 cv de potência.

O "Primeiro Navegante" já varado na praia à espera do
inevitável, a destruição provocada pelo mar
foto arquivo pessoal de Ana Maria Lopes
Quando o "Primeiro Navegante" a reboque do "Vouga" começava a entrar no canal, com cerca de 25/30 metros de largura, em frente à Meia-Laranja, foi assolado por alterosas vagas, acompanhadas por fortes rajadas de vento. O "Vouga" não aguentou a proa do navio e este foi arrastado para Sul, encalhando no banco de areia.
Nesta situação tão delicada, vem o "Marialva" na tentativa de passar outro cabo de reboque para safar o navio. O cabo não conseguiu ser estabelecido e o "Marialva" ao sentir faltar-lhe água debaixo do fundo teve de se afastar. O Lugre continuou à mercê do mar e do vento e o "Vouga" cortou o cabo de reboque, para não se perder também, embora o "Primeiro Navegante" tenha largado os dois ferros, para não ir varar na praia, mas o inevitável aconteceu, sendo a perda do navio irremediável.

LUGRE "D.DINIZ"

O "D.Dinz" a entrar em Leixões com o casco mal tratado pelas
intempéries depois de mais uma campanha
aos Grandes Bancos
foto ALERNAVIOS
Lugre Construído em 1940 na Gafanha da Nazaré por António Bolais Mónica, para a Empresa Pascoal e Filhos Lda.
O «Dom Diniz», baptizado em homenagem a um dos maiores reis da dinastia de Borgonha e da História de Portugal, era um navio de três mastros, com um deslocamento bruto de 530 toneladas, com um comprimento fora a fora de 52,11 metros por 10,24 metros de boca

 Motor Deutz 275 hp Com frigorífico.
Naufragou devido a água aberta Nos Virgin Rocks em 28.8.66

O PESCADOR DE BACALHAU - CAPITÃO DO SEU DORI - LEGÍTIMO SUCESSOR DOS MARINHEIROS DE OUTRORA

 
O trabalho desenvolvido neste blogue é uma sentida homenagem, à actividade heróica do tripulante anónimo do navio de pesca à linha da frota bacalhoeira portuguesa, (Homem rude, simples e intuitivo) que se fazia ao pior mar do mundo, para cumprir um desígnio nacional: Trazer à pátria o pão dos mares, o bacalhau.


A refeição a bordo de um bacalhoeiro
foto arquivo museu de Ílhavo

 
Esta indústria teve dois momentos altos na  sua trajectória. O primeiro, durante o reinado de D. Manuel I, quando uma frota a rondar as 100 naus, trazia anualmente para Portugal, cerca de 3000 toneladas do fiel amigo.


O pescador solitário capitão do seu dóri
foto arquivo museu de Ílhavo
 O segundo, nas décadas de 50 e 60 do séc. XX, e terminado em Abril de 1974, quando existia uma frota de mais de 70 navios simultâneamente a laborar nas Gélidas águas do Atlântico Norte e que ocupava directa e indirectamente mais de 7.000 pessoas.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

NAVEGAR À EMPOSTA

Esta situação só podia acontecer em duas ocasiões muito distintas, embora dentro do mesmo contexto, sempre quando as condições de mar e vento estivessem bastante seguras.

Os pescadores depois de descarregarem o peixe para o navio, amarravam o seu bote ao último e saltavam para bordo para começar o processamento do peixe.

 
Navegar à "Emposta" (mudar de pesqueiro
à procura de mais peixe).
Este caso acontecia quando o tempo estava bem seguro (bom tempo) e a pesca do dia tinha sido boa. Assim não se perdia tempo a meter os botes dentro e ter de os arriar de novo pelas 4 da manhã do dia seguinte.

Também se fazia isto, mas sempre com bom tempo, quando os dóris eram arriados e a pesca era nula. O capitão chamava-os, mandava amarrá-los pela popa e com eles a reboque começava a navegar devagar para uma pequena emposta (mudar de pesqueiro à procura de mais peixe). Assim poupava os pescadores de se cansarem a remar e perdia menos tempo.