sexta-feira, 31 de maio de 2013

LUGRE "COIMBRA"

Lugre "Coimbra" a entrar em Leixões no regresso
de mais uma campanha - foto site museu marítimo de Ilhavo
Lugre  c/motor de 4 mastros. Construído em 1948 na Gafanha da Nazaré, por Arménio Bolais Mónica para a Empresa de Pesca S. Jacinto Aveiro.
 
Proa em colher, casco em madeira, apresentava dois castelos, proa e popa, nesta possuía uma gaiuta para proteção do timoneiro e restantes tripulantes de quarto à navegação.
Características principais:
Tinha um deslocamento 685 toneladas brutas - 429,72 tonelagem líquida
O lugre "Coimbra" fundeado nos Grandes Bancos, com
a mezena de tempo envergada, para manter o navio aproado ao vento
foto site do museu marítimo de Ilhavo
Comprimento: 52 m
Boca: 10,20m - Pontal: 5,60m 
Motor Deutz 450 hp
Capacidade de porão: 10.615 quintais
Tripulação: 72 homens
Câmara frigorífica
Naufragou devido a incêndio na Gronelândia em 19.5.68

sexta-feira, 24 de maio de 2013

LUGRE "JOSÉ ALBERTO"

O belíssimo lugre "José Alberto" na companhia de outros
navios da frota, algures nos Grandes Bancos
foto site Lugar do Real
Lugre-motor "JOSÉ ALBERTO", construído em ferro na Dinamarca em 1923 Ex-"CAROLINE". Foi adquirido pela Empresa de Pesca Oceano, Lda.Figueira da Foz para a campanha de 1935. Foi navio de comércio e há quem diga, embora sem provas concretas que chegou a ser iate Real, tal era a sua  polivalência e beleza.
 


Era um navio com duas máquinas principais e só um hélice. Foi o primeiro navio para a frota da pesca do bacalhau à linha a ser construído em aço.
Todos os alojamentos da tripulação estavam a ré e não no rancho da proa como era costume. À proa situavam-se os paióis frigoríficos do isco, do estrafego para a pesca e da andaina sobressalente de panos. O refeitório da marinhagem era a ré bem como o salão dos oficiais. O comandante tinha uma camarinha (sala de visitas) no seu camarote.
Foi seu primeiro comandante (até 1939) o capitão João de Deus.O velame latino aparelhava de uma maneira não muito vulgar. As caranguejas eram fixas e os panos recolhiam para os mastros, em vez do usual, que era as caranguejas arriarem e colherem o pano com as retrancas.
Principais Características:
Deslocava: 720 toneladas brutas
Comprimento: 60 m fora a fora
 Boca: 10m
Pontal: 3,50m
Motor Deutz 480 hp
Tripulação: 72 homens
Capacidade de porão: 11.061 quintais - Com frigorífico.
O lugre "José Aberto" visto de través
foto site ALERNAVIOS
Naufragou por incêndio no Virgin Rocks-Terra Nova em 1968. Como era um navio de ferro ardeu todo e não foi ao fundo, o que constituía um perigo para a navegação.
A tripulação teve de o abandonar, sendo recolhida pelos navios nas proximidades. Uma baleeira do "Conceição Vilarinho", munida com garrafas de oxigénio e acetileno abeirou-se do navio e abriu-lhe um buraco na zona da casa da máquina, o mais próximo possível da linha de água, para que esta se alagasse e o navio se afundasse mergulhando pela popa.
 
 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

NAVIO-MOTOR "CONCEIÇÃO VILARINHO"

O navio-motor "Conceição Vilarinho" fundeado na ria de Aveiro
foto site Memórias de Aveiro
Navio-motor “Conceição Vilarinho” foi construído como cargueiro, em 1947, na Suécia - Estocolmo, no estaleiro Hammrbyverken A/B,  com o nome de “Elsa Thorden”, mais tarde em 1948, passou a chamar-se “Bure”. Em 1951, foi comprado pelo armador João Maria Vilarinho Sucrs. Lda,  da praça de Aveiro, que de seguida o transformou em navio-motor para a pesca à linha do bacalhau.


 

 
Principais Características:
Comprimento: 54.17m - Boca: 9.65m
O navio-motor "Conceição Vilarinho" em plena faina
foto site Lugar do Real

Pontal: 3.98m
Tonelagem líquida: 575.11t

Tonelagem bruta: 928.22t
Casco em ferro - Tripulação: 88 homens

Capacidade de porão: 17.065 quintais, era dos navios de linha com maior capacidade de porão em conjunto com o "Senhora do Mar" e "Capitão João Vilarinho".

Este navio veio ainda, em 1975, a sofrer uma derradeira transformação, quando foi adaptado para pescar com redes de emalhar. Foi abatido para sucata em 1993.

terça-feira, 21 de maio de 2013

LUGRE "MARIA DAS FLORES"


O lugre "Maria das Flores" a navegar em algures
no Atlântico Norte com o famoso "vento de porão"
Lugre construído em 1946 na Murtosa, por José Maria Lopes de Almeida, para a Empresa Comercial e Industrial de Pesca “Pescal” Lisboa.
Graves problemas aconteceram no lançamento à água deste navio. Estava previsto o seu lançamento para 26 de Fevereiro de 1946, mas o mestre do estaleiro ao mandar meter na água o navio a 18 de Fevereiro desse ano, provocou o seu encalhe, por falta de condições de navegabilidade da ria, tudo isto fez com que o navio só tivesse sido safo em Maio desse ano. Ainda em Maio e depois de ter sido devidamente vistoriado, seguiu a reboque para Lisboa, onde após concluído o seu aprestamento, largou no mês seguinte para os grandes Bancos.

Características principais:

Deslocava 607 toneladas brutas, apresentava um Comprimento 50 m, uma Boca 10,30m  e  4,85m de pontal. O motor era um Crossley 340 hp.

O lugre "Maria das Flores " no plano inclinado na Murtosa
foto blogue marintimidades
Tinha uma capacidade de porão para 10 000 quintais de bacalhau. A companha era de 50 pescadores, podendo utilizar cerca de  57 dóris, com uma tripulação fixa de 11 homens. Estava equipado com um motor de propulsão de 340 H. P. ao qual se juntavam mais dois motores auxiliares: um para a câmara frigorífica, e um outro para a produção de energia eléctrica.
Este navio teve uma vida relativamente curta, veio a naufragar devido a água aberta, por não ter resistido a um forte ciclone que soprava no banco Eastern Shoals (Terra Nova), em 19.9.58, na altura era comandado por Manuel de Oliveira Vidal Júnior, natural da zona de Aveiro.
 


Infelizmente esta perda veio a juntar-se a outros quatro naufrágios, que aconteceram nesse mesmo período, tornando a campanha de 1958 a mais fatídica de sempre para a famosa “White Fleet”.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

NAVIO-MOTOR "SOTO MAYOR"


O "Soto Mayor" no início da sua actividade como navio-motor
foto museu marítimo de Ílhavo
Construído na Holanda em 1949 com o nome SOTO MAIOR, para a empresa Sociedade de Pesca Oceano, Lda. , apresentava um tipo de armação de navio-motor, pescou com dóris até 1974, ano em que passou para a arte das redes de emalhar passando a chamar-se JOSÉ CAÇÃO. Foi o último bacalhoeiro matriculado na Figueira da Foz



Com o declínio das pescas portuguesas após adesão à União Europeia, houve uma tentativa de transformar este navio em museu, mas sem o apoio da Câmara da Figueira presidida na altura por Santana Lopes, o navio acabou por ser demolido em 2002-2003.
Aqui já como "José Cação" no início de mais uma campanha



Principais Características:
Comprimento: 65.71m - Boca: 9.75m - Pontal: 5.43m
Tonelagem líquida: 575.63t - Tonelagem bruta: 1000.13t
Capacidade de Porão: 17010 quintais - Tripulação : 86

sexta-feira, 10 de maio de 2013

NAVIO-MOTOR "VAZ"

Navio-motor "Vaz" ainda como navio de pesca à lina
foto museu marítimo de ìlhavo
O navio-motor “Vaz” foi construído para a pesca do bacalhau em 1948 em Bolnes, Holanda, nos estaleiros N. V. Scheepsbowwerf Gebroeders, para o armador Brites, Vaz & Irmãos Ld.ª, companhia que ainda hoje está em actividade na Gafanha da Nazaré.
Este navio concebido inicialmente com um tipo de armação de navio-motor, pescou com dóris desde 1949 até 1971, ano em que passou para a arte das redes de emalhar, mudando também o nome para “António Cação”


Principais características:
Casco em aço  -  Tripulação: 88
Comprimento: 65,78m - Boca: 9,72m - Pontal: 4,65

Tonelagem Líquida: 569t - Tonelagem bruta: 948,93t
Capacidade de porão: 17.100 quintais
Foi abatido em 1999, terminando um longo e inestimável serviço ao serviço do país
 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

NAVIO-MOTOR "SERNACHE"


O "Sernache" no inicio como navio
de pesca à linha, reparar nos dóris amontoados no convés
foto do site Lugardoreal
Este elegante navio-motor foi construído em Groningen, Estaleiro: Schps "Gideon" J. Koster Hzn, Holanda, em 1948, para os Armazéns José Luís da Costa, de Lisboa.
Em 1949 este navio começou com tipo de armação de navio-motor, pesca à linha tradicional (dóris), com a conservação do pescado a bordo, tipo salgador.
 


 Principais Características:
Comprimento: 65.23m - Boca: 9.70m - Pontal: 4.73m
Tonelagem líquida: 640.83t -
Tonelagem bruta: 972.78t
Capacidade de porão: 16600 quintais                                                                                                
Material de Construção: Aço                                                                                                            Tripulação: 87
Aqui o navio após as transformações feitas em 1973
para tipo de armação redes de emalhar
foto de  Luis Miguel Correia
Em 1973 o tipo de armação foi convertida para redes de emalhar
Mais tarde em 1978 ainda foi convertido para arrastão clássico, mas com a falência do armador, o SERNACHE acabou por ser imobilizado em Aveiro, em 1990, foi comprado pela empresa Eurodoca Empresa de Pescas e Comercialização de Pescado Lda, após o que foi afretado pelo Ministèrio das Pescas de Angola e seguiu para Luanda onde eventualmente acabou os seus dias.



quarta-feira, 8 de maio de 2013

NAVIO-MOTOR "S. RUY"


O "S.Ruy" em plena campanha algures nos Grandes Banco
foto site Lugar do Real
O “S. Ruy”, era um dos quatro bons navios, da classe “Santa Maria Madalena” todos eles construídos nos estaleiros da CUF em Lisboa, a partir de 1939, meados dos anos 40. Os cascos construídos totalmente em aço, apresentavam um comprimento entre perpendiculares a rondarem os 62m, com cerca de 11m de boca, um pontal de 5,10m, com um peso bruto na ordem das 1.043 toneladas, possuíam câmaras frigoríficas e eram movidos por motores “Sulzer” com uma potência na ordem dos 550HP.

Os outros dois navios desta classe foram o “S. Macário” e o “Costeiro Terceiro”, comprados naquela altura pela empresa Sociedade Geral, prestaram durante quase 40 anos, um serviço inestimável, não só à nossa marinha mercante, como ao próprio país.

Principais Características:

Comprimento entre Pp: 62m - Material de Construção: Aço
 Boca: 10.99m - Pontal: 5.10m - Tonelagem líquida: 447.58t - Tonelagem bruta: 1043.40t
 Local construção: Estaleiro - Companhia União Fabril - Rocha de Conde de Óbidos - Lisboa 
Primeiro Armador: Empresa de Pesca de Viana.
Tripulação: 87 homens
Capacidade de porão: 14.000 quintais

O "S.Ruy" em Matosinhos anos 60
foto site Lugar do Real


O “S.Ruy”, devido às suas boas características, especialmente a sua sólida construção, em 1970, foi um dos nove navios de pesca à linha, transformados para a pesca de emalhar, o que possibilitou aumentar a sua longevidade, até à década de 90. Acredito, que são vários os factores, a poderem intervir na boa exploração dos navios, nomeadamente: tripulações competentes, alguma sorte, mas mais em particular, a boa qualidade da construção dos seus cascos.

Em 1987 após de ter sofrido novas transformações passou a chamar-se "Leone II", em 1993, comprovando a belíssima qualidade do seu casco, foi finalmente vendido para sucata, em Viana, depois de uma longa e árdua vida de trabalho, ter prestado ao país serviços inestimáveis.

terça-feira, 7 de maio de 2013

NAVIO-MOTOR "SANTA MARIA MADALENA"


O "Santa Maria Madalena" a regressar de mais uma campanha
foto museu marítimo de Ílhavo
O “Santa Maria Madalena”, pertenceu a uma classe de quatro bons navios, todos eles construídos nos estaleiros da CUF em Lisboa, a partir de 1939, meados dos anos 40. Foi encomendado pela Empresa de Pesca de Viana.

Os cascos construídos totalmente em aço, apresentavam um comprimento entre perpendiculares a rondarem os 62m, com cerca de 11m de boca, um pontal de 5,10m, com um peso bruto na ordem das 1.043 toneladas, possuíam câmaras frigoríficas, uma capacidade de porão da ordem dos 14000 quintais e eram movidos por motores “Sulzer” com uma potência na ordem dos 550HP.

Dois desses navios, o “S. Macário” e o “Costeiro Terceiro”, comprados naquela altura pela empresa Sociedade Geral, prestaram durante quase 40 anos, um serviço inestimável, não só à nossa marinha mercante, como ao próprio país. O outro navio desta classe foi o "S.Ruy", um dos navios com maior longevidade da famosa frota branca.


O "Santa Maria Madalena" já encallhado nos baixos
à saída do porto Faeringehaven, Gronelândia, em 13.8.59
 
O infeliz “Santa Maria Madalena” foi a excepção à regra, a 11.8.59, à saída do porto de St John, na Terra Nova, naufragou devido a encalhe, todos os restantes navios da classe, superaram em muito, a média de longevidade de um navio mercante (25-30 anos). A boa construção naval portuguesa, foi seguramente a maior culpada deste sucesso.